quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O que seria de Salto sem esta história.

Minas da Borralha

«A Borralha – local onde hoje está situada a povoação das Minas da Borralha foi, em tempos, um espaço de pastoreio, usado apenas pelos donos dos rebanhos que para ali levavam os seus animais. Mas, ainda no século passado, um moleiro resolveu instalar-se na zona com a sua família. O moleiro chamava-se Borralha e tinha uma família numerosa. Assim, os seus filhos tinham que partir para procurar melhores vidas.
Um dos filhos do Borralha, que usava o mesmo nome do pai, foi, por um acaso, trabalhar para Bragança, para as Minas do Coalhoso onde se extraía o volfrâmio, minério muito importante na época. Ao ver o volfrâmio, o Borralha explicou aos amigos que na sua terra as pedras como aquelas que extraíam da mina eram usadas para atirar às cabras pelos pastores. Na verdade, ninguém da sua família lhes dera importância. Alguns dos colegas riram-se do rapaz, mas um francês funcionário da empresa procurou obter mais informações, rumou para a zona da Borralha e registou as futuras minas em nome da empresa para que trabalhava.
Começaram assim a chegar à zona onde hoje está a povoação diversas pessoas, vindas dos diferentes locais, uns engenheiros e doutores, outros trabalhadores para a exploração das minas.
As primeiras concessões do governo para a exploração das Minas da Borralha datam de 1904. O volfrâmio era muito utilizado. Entre outras coisas, servia para as pontas das canetas esferográficas, lâminas de barbear, ferramentas diversas e materiais de guerra como as culatras dos canhões e aços de blindados.
As minas da Borralha estão fechadas desde 14 de Janeiro de 1986 ou seja há 25 anos e foram vendidas em haste pública».

Salto tem uma história

Salto tem uma história mais antiga que o Reino de Portugal. Em 569 era já referenciada no Parochiale Suévico ou "divisio Theodemiri".
Salto é um nome de origem latina já conhecido documentalmente no século VI evoluindo da expressão Ad Saltum. Por esse facto pode afirmar-se que a povoação Salto é de origem mais antiga pois, para no século VI já ter identidade própria e importância regional, só era possível após uma gradual e longa evolução que se pode remeter para o tempo das invasões dos povos germânicos e a luta pela expansão e afirmação do cristianismo na Península Ibérica, então em fase de grande turbulência.
De facto Ad Saltum aparece identificada num conjunto de 30 paroquias enumeradas no Parochiale da província bracarense, que é um documento considerado "peça única, sem equivalente em nenhuma outra província".
Nesse documento se informa que no ano de 569, no tempo dos Suevos, reuniu a 1 de Janeiro o concílio de Lugo por ordem do rei Teodomiro. A pedido deste, os bispos em concílio resolveram erigir a metrópole de Lugo e proceder a divisão de bispados e paróquias.
Dentre as novas dioceses figura a diocese de Braga com as 30 paroquias que a constituíam dentre as quais se destaca Ad Saltum.
Ad Saltum é, ao tempo do reino Suevo, sede de uma paróquia. As paróquias suévicas não correspondem à actual paróquia nem nas funções nem no território. As paróquias suévicas estendem-se por largos territórios, exercendo a sua alçada sobre inúmeros povoados ou agrupamentos rurais. A igreja paroquial é o centro de uma extensa circunscrição territorial funcionando como sede do governo e no topo da hierarquia do ministério estava o seu presbítero.
O presbítero (pároco) detém as funções administrativas deste território liderando as funções políticas, religiosa e económica. Na povoação sede existia o baptistério e o cemitério, equipamentos de importância vital na coesão da paróquia, pois estamos em pleno período de consolidação do cristianismo tendo o sacramento do baptismo um significado central na construção da identidade paroquial.
Esta realidade geográfica e administrativa evoluiu para aquilo que hoje são as paróquias "modernas" considerando-se que a circunscrição de que Ad Saltum (Salto) era cabeça, terá dado origem ao arciprestado de Barroso.